terça-feira, 17 de abril de 2018

A CHAVE DE UMA DERROTA


O Porto deste ano é superior ao Benfica, mas, resultado à parte, essa superioridade não se viu na Luz no domingo. Num jogo em que as equipas procuraram mais anular-se mutuamente do que dominar o jogo, o que fez, de facto, a diferença foi um remate improvável, mas, também, um aspeto surpreendente e erros costumeiros.
A surpresa esteve na quebra física do Benfica. Tendo em conta que, dos três grandes, é a equipa que menos jogos tem, é difícil compreender como é que, no último clássico, foi a primeira a acusar o desgaste físico. Tanto mais que essa quebra contribuiu em importante medida para o ascendente tático do Porto na segunda parte. Por isso mesmo, contra a opinião de muitos, a única substituição que Rui Vitória operou que fez sentido no contexto do jogo, foi a entrada de Samaris. O Benfica – até para preservar o empate – precisava, mesmo, de reforçar o meio campo.
O que me leva ao erro habitual. Pela enésima vez, o treinador do Benfica lançou uma equipa com uma estratégia adequada (por isso mesmo, o Benfica foi superior, mesmo que pouco contundente, na primeira metade), para, depois, ao longo dos 90 minutos, não ser capaz de se adaptar às mudanças da partida e, muito menos, às alterações táticas que Sérgio Conceição introduziu ao intervalo.
Na segunda parte, o Porto pressionou mais alto (mas pressionou pouco) e Otávio e Brahimi (e já não apenas este) juntaram-se mais a Herrera e Sérgio Oliveira. Foi o suficiente para o Benfica deixar de conseguir construir desde trás. Mais, sem Jonas em campo e Pizzi ausente (o bragantino foi, uma vez mais, uma sombra do jogador decisivo da temporada passada), o jogo interior do Benfica não existiu, as jogadas associativas entre alas e laterais não entravam, pelo que restavam os piques de Rafa para pôr o Porto em sentido. Mas numa daquelas substituições que, à imagem do que acontece no basquetebol, parecem fazer parte de uma rotação planeada, Vitória tirou do jogo o elemento mais acutilante do Benfica – enquanto Conceição ia dando sinais (tímidos) de que queria vencer. O Porto acabou por ter a sorte do jogo, mas, de certa forma, os fundamentos da vitória estavam a emergir e assentaram na combinação de declínio físico com passividade e equívocos táticos.
Como sempre acontece hoje em dia, terminado o jogo no estádio, este prosseguiu nas televisões. É também em domingos como este que se percebe melhor as causas para a atmosfera degradada em torno do futebol. Depois de um jogo futebolisticamente vulgar, mas muito emotivo e taticamente interessante, os canais de televisão escalpelizavam ad nauseam a arbitragem. Fica, assim, uma vez mais, confirmado que esta obsessão nacional de tudo explicar a partir dos erros dos árbitros (que os houve), não tem nem nos treinadores, nem nos jogadores, nem sequer nos dirigentes, os seus principais responsáveis, nasce, sim, nos canais de informação e na dinâmica das audiências. Insisto num desejo: que os benfiquistas saibam resistir a este tipo de justificações para os falhanços em campo.
Pedro Adão e Silva, in Record

2 comentários:

  1. Temos andado a deixarmo-nos comer de caldeirada, nomeadamente, por quantos não nos veem como adversários que é necessário respeitar, mas como inimigos a abater. E têm-nos comido as papinhas da cabeça, e à grande.
    É ver a insistência nas nomeações de Soares Dias para arbitrar o Porco e favorecer o mesmo. Não deveríamos ter feito força para que ASD não arbitrasse o nosso último jogo? Para que não arbitrasse jogos do clube dos adeptos que o ameaçam e à sua família, e que é o seu clube de coração? Como eles e os do Lumiar fazem com os árbitros que não lhes interessam e/ou de que duvidam?
    Eu penso que outro segredo do sucesso do Porco nos jogos contra nós, além do histórico factual de ajudas dos árbitros, é a raiva, a dureza e a agressividade com que jogam sempre, sempre contra nós. Contrariamente, o nosso insucesso derivará de jogarmos contra eles com pezinhos de lã, lealdade e fair play, e sempre inibidos, com medo.
    Não dá. Armarmo-nos em santinhos a disputar o jogo pelo jogo, sem manhas e velhacaria associada, com aquela gentalha, não dá.
    A solução? Jogarmos com eles como eles jogam connosco. Ali, olhos nos olhos, queres raiva?, toma lá raiva, queres dureza?, toma lá fruta, olho por olho, que é assim que se devem tratar os adversários desleais, que se portam como inimigos. No dia em que um treinador do Benfica perceber isso e conseguir passar a mensagem aos nossos jogadores, passaremos a ganhar-lhes muitas mais vezes.

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  2. UMA VERGONHA RUI VITORIA COMPARAR OS SEUS JOGADORES A EUSÉBIO ISTO NUNCA MAIS OPODE ACONTECER. EUSÉBIO É O NOSSO REI. NAO PERCEBBO COMO LFV PERMITIU ESTA BRINCADEIRA, QUE ISTO NUNCA MAIS TORNE A ACONTECER.

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