quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

BENFICA NOS QUARTOS DE FINAL DA TAÇA CHALLENGE


O Benfica carimbou, esta quarta-feira, para os quartos de final da Taça Challenge em voleibol, vencendo novamente os romenos do Steaua Bucareste, agora no Pavilhão da Luz, por 3-1.
Os encarnados, recorde-se, tinha já vencido na Roménia por 3-2, selando agora o apuramento com os parciais de 25-19, 19-25, 25-15 e 28-26, em uma hora e 56 minutos.

Nos quartos de final, a equipa de José Jardim vai defrontar os italianos do Bunge Ravenna.

A JUSTIÇA É BURRA


"O brasileiro Nelson Rodrigues, o melhor cronista da língua portuguesa - hei, direitolas, ele é quase dos vossos, mas inteligente, Nelson era de direita - foi dos primeiros a comentar futebol na televisão, anos 1960. Via o jogo - e via mal, era pitosga - e ia comentá-lo para o estúdio da Globo. Jogo de futebol, para ele, era como deve ser, um estado de alma, uma paixão que dura 90 minutos e cresce no prolongamento, metia mais emoções do que linhas de passe. Um dia, os adversários de palestra trouxeram um vídeo para mostrar quanto Nelson inventava. Tendo ficado demonstrada, num caso de penálti, a imaginação do cronista, este pediu para repetir o vídeo. Repetiu-se. E Nelson rematou: "O vídeo é burro." Ora aí está, há questões que devem ser discutidas no seu tamanho, e só. Tentar falar delas no patamar acima, ou abaixo, é pedir que desça a alma de Nelson Rodrigues para se repor o bom senso.
Um ministro das Finanças pediu para ver um jogo de futebol num camarote. O ministro e o clube do camarote varreram-se-me. Agora, magistrados do Ministério Público foram fazer buscas ao Mistério das Finanças. Segundo o jornal Expresso, "a Justiça quer perceber se há relação entre o pedido do presidente do Benfica (olha, o clube é o Benfica) para conseguir uma isenção fiscal para os filhos e a ida de Mário Centeno (olha, o ministro é Centeno) ao jogo Benfica e FC Porto, a que o ministro assistiu na bancada presidencial"... Sobre o assunto, cumpre-me dizer o que se segue. A Justiça quer perceber, diz o jornal; mas não pode, digo eu: a Justiça é burra. Isto é, é burra porque me quer convencer de que um ministro pede um bilhete de futebol a troco de um favor nas Finanças. Já, se calhar, não é burra se quer convencer os burros - e para isso a caixa de comentários o dirá sobre eventuais burros que haja por aí. A Justiça, não burra nesta última hipótese, lá saberá porque gosta de espalhar a suspeita. A ser assim, passa a certa justiça..."

TEMPESTADE PERFEITA


"Primeiro o céu estava azul e o sol brilhava, radioso. Depois, pouco a pouco, uma névoa ténue foi tornando o ambiente mais cinzento e nem falhou uma brisa fria, prenúncio de males maiores. Que não tardaram. Castelos de nuvens foram-se acumulando e ficou a dúvida se a embarcação, fragilizada pela austeridade que obrigara a uma redução qualitativa da tripulação, era capaz de aguentar tanta agitação. Porque uma coisa é enfrentar tormentas quando se cumprem objectivos, outra é passar por essas provações sem uma dinâmica vitoriosa.
E quando a um vento ciclónico do norte se juntam outras forças, mais a sul, a situação agrava-se. Para a tempestade ser perfeita falharia apenas a chegada de um tsunami inesperado, produto de um terramoto com epicentro em causas estranhas à própria embarcação, qual fogo cruzado a que dificilmente se foge, apenas se aguenta, esperando que passe. Ou não...
Os momentos de crise são sempre testes decisivos à fortaleza das pessoas e à coesão das instituições, e não se resolvem com acções de propaganda ou tiradas demagógicas, superam-se através da consciência tranquila, da consistência do carácter e da força das convicções.
Dito tudo isto, falta recordar que toda a investigação, em qualquer circunstância, é bem-vinda porque o sistema judicial existe para nos defender, nem que seja corrigindo as suas próprias perversões; e por mais que a tentação de fazer julgamentos na praça pública seja levada à prática na sociedade mediatizada de hoje, haverá sempre que aguardar pelo veredicto das instâncias próprias, salvaguardando-se o primado da presunção de inocência."

José Manuel Delgado, in A Bola

DAR O DESCONTO


"1. Já andam por aí a dizer que Bruno Paixão e Luís Ferreira dão melhores descontos que o Continente, o Pingo Doce e o Jumbo. Que exagero. Bom, deixem-me ir ver se já acabaram os jogos do Benfica e do FC Porto.
2. Nélson, o treinador de guarda-redes do Sporting, vai começar a fazer part-time em casamentos. Fico atrás do padre a dizer os votos aos noivos. É muito discreto, ninguém vai dar por ele no altar.
3. O Sporting ganhou uma final que quase se esquecia de jogar e festejou como se a Taça da Liga tivesse a Liga na Taça (na impossibilidade de Bruno de Carvalho estar no relvado, por castigo, acho bem que tenha sido um dos capitães a levantar o troféu). Já o V. Setúbal, que tinha esgotado a sorte frente à Oliveirense, acabou por perder o jogo mas ganhou um guarda-redes: Podstawski.
4. O futuro dirá se Sporting e FC Porto ficaram mais fortes após mercado de inverno. Pelo menos tentaram, não achas Benfica?
5. Talvez não fosse má ideia a Polícia Judiciária abrir uma delegação junto ao Estádio da Luz. Ia poupar imenso nos quilómetros.
6. Roger Federer é, de facto, um desportista incomparável. De certeza que tem um grande director da comunicação. Só pode.
7. No meio de tanto ódio entre os grandes do futebol português, a Liga devia pedir a Salvador Sobral para criar um hino. O nome da música seria, obviamente, 'amar pelos três'.
8. Jorge Jesus eliminou o FC Porto nos penalties e falou em teóricos, profetas e tretas. E pediu juízo. Ganhou ao V. Setúbal nos penalties e falou em papagaios, espertalhões e sapos na garganta. E pediu respeito. Por acaso os papagaios também me irritam, confesso. E os pavões.
9. Ninguém me tira da cabeça que Sérgio Conceição saiu mais cedo do Sporting - FC Porto, antes dos penalties, para ir fazendo a mala de Soares. Quem manda o treinador 'tomar no cu' tem de estar preparado para ir tomar juízo na China ou noutro lado qualquer."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

MAIS DO QUE DOIS CIDADÃOS


De acordo com as notícias vindas a público, a investigação está a ser feita a Luís Filipe Vieira e o ‘vice’ Fernando Tavares, bem como ao juiz Rui Rangel, não tem nada a ver com futebol, nem sequer com o Benfica, mas a verdade é que deixa marca para o clube. São dois cidadãos que terão de responder perante a Justiça, como pode acontecer com qualquer um, mas são cidadãos sobre os quais a atenção é maior, por tudo aquilo representam os cargos que ocupam.
Para o Benfica, por muito que o clube nada tenha a ver com o assunto, é mais uma confusão e numa altura particularmente delicada. Temas como vouchers, emails, match-fixing e Mário Centeno mantêm-se na ordem do dia. Chega-se a um ponto em que a vida do clube se mistura e, por vezes, se confunde com a vida daqueles que os representam nos respetivos órgãos sociais. É por isso que isto não é apenas um processo que diz apenas respeito a Vieira, Tavares ou Rangel; aos olhos do público, o Benfica também está a ser investigado neste processo. Mais uma vez.

No caso dos emails, como antes no caso dos vouchers, o Benfica demorou a reagir, pelo menos com voz e a cara do responsável máximo do clube, o presidente. Mais do que comunicados ou declarações de assessores ou advogados, Vieira devia ter sido mais rápido a aparecer em público e dizer aquilo que haveria de dizer mais tarde. Neste caso, essa urgência é ainda maior: porque é um caso que toca a Vieira (como a Fernando Tavares) diretamente. Passou-se um dia e Vieira manteve-se em silêncio. Fez mal.
Sérgio Krithinas, in Record

JUVENIS FECHAM ALKASS INTERNATIONAL CUP NO 3.º LUGAR


FUTEBOL
Frente ao Espérance Tunis, o Benfica venceu, por 0-3, com golos de Ronaldo Camará, Jair Tavares e Gonçalo Ramos.
A equipa de Juvenis do Benfica terminou a participação na Alkass International Cup com um triunfo, por 0-3 ante o Espérance Tunis, que a deixou no 3.º lugar do prestigiado torneio.
Em Doha, no Catar, o jogo começou vivo, com ambas as equipas a usarem as suas armas: o Benfica a privilegiar a posse de bola, o Espérance Tunis a apostar nas saídas rápidas para o ataque. Poucas oportunidades de parte a parte, com as águias a tentarem logo aos 6’ através de Gonçalo Ramos, mas o remate saiu à figura de Nesibi. Respondeu o Espérance Tunis, aos 10’, Por Berrima.
Apesar de ter mais tempo de posse de bola e maior caudal ofensivo, o Benfica só voltou a acercar-se da baliza tunisina aos 18’, por Gonçalo Oliveira, com o disparo a ser parado por Nesibi. Nos descontos, aos 45’+2’, Jellali, de cabeça, levou perigo à baliza de Samuel Soares.

Após o intervalo, o Espérance Tunis veio com a mesma toada defensiva, concedendo o esférico ao Benfica. Renato Paiva, que fizera duas alterações ao intervalo, viu um dos recém-entrados, Ronaldo Camará, desbloquear o marcador com um remate de pé esquerdo após receção orientada à meia-volta (57’).

Ronaldo Camará mexeu mesmo com o jogo, pois, à passagem dos 62’, fez um passe magistral para Nuno Cunha num lance anulado por suposto fora de jogo. Aos 68’, de novo Ronaldo Camará a ficar perto do golo. O remate do camisola 17 saiu perto quando Nesibi estava batido.

O Benfica continuava a atacar e o 0-2 apareceu aos 77’ por intermédio de Jair Tavares, que entrara em jogo aos 66’. O mesmo jogador assistiu Gonçalo Ramos, aos 88’, para o 0-3. Nos descontos, Gonçalo Ramos quase aproveitava uma má abordagem de Nesibi.
O Benfica alinhou de início com Samuel Soares; Tomás Tavares, Alexandre Penetra, Henrique Jocu, Rafael Brito; Bernardo Silva, Nuno Cunha; Hugo Nunes, Gonçalo Ramos e Gonçalo Oliveira.
Antes do jogo de atribuição dos 3.º e 4.º lugares, os Juvenis haviam ultrapassado o Guangzhou Evergrande (4-0), Aspire Academy (7-3) e AC Milan (6-0). Nas meia-finais caíram nas grandes penalidades frente ao Kashiwa Reysol (3-3, 4-5, nas gp).
O torneio foi ganho pelo PSG, que na decisão bateu o Kashiwa por 2-1.

NOTÍCIAS BENFICA: BENFICA 14H 31-01-18

                                           

CENTENO, O BENFICA E OS ROMANOS


"A ideia de que o ministro das Finanças poderia ter recebido vantagem indevida do Benfica - com um convite para ver um jogo no Estádio da Luz em troca da isenção de IMI para um prédio dos filhos do presidente encarnado - é estúpida. Em primeiro lugar porque ir ao futebol por convite para lugares que não estão à venda, como é o caso da tribuna presidencial, é a única forma de aceder a esses locais. Para ir ao estádio do seu clube, Mário Centeno nem precisa de convite porque é sócio do Benfica com lugar cativo, mas enquanto é ministro, por uma questão de segurança, não pode fazer o que lhe apetece. Em segundo lugar porque a isenção de IMI atribuída àquele prédio está prevista na lei e é decidida pelas câmaras municipais.
Pode ser que exista outro caso qualquer a requerer a atenção do Ministério Público, mas, se o caso é este, então quem tem de se explicar é a Procuradoria. Sabemos como costuma ser feita a recolha de prova, é uma pesca de arrasto que leva tudo o que encontra pela frente. Por causa disto, há agora quem tenha na sua posse todas as comunicações electrónicas do ministro das Finanças?
O que este caso nos mostra é a razão por que há cada vez menos gente disponível para ir para a política. Uma justiça que não faz distinção entre o que verdadeiramente importa e o que é polémica para alimentar debate político e páginas de jornais não procura fazer justiça. De igual forma, a comunicação social que não faz esta distinção não está a informar, está a entreter. É preciso parar para pensar. A política e a justiça não podem ser uma espécie de Porto-Benfica, um duelo entre claques. Por exemplo, escrevendo o que estou a escrever não estou a defender a política financeira de Centeno, estou apenas a dizer que o caso é estúpido. E é tão estúpido que já está a prejudicar-nos a todos, porque Centeno também é presidente do Eurogrupo. Se nós, justiça e jornalismo em Portugal, levamos a sério o que sabemos não ter importância nenhuma, é normal que os outros possam pensar que o presidente do Eurogrupo está metido em sarilhos sérios. Tem muitos séculos: há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar..."

EXCESSO DE ZELO?


"Suspeito que a investigação ao ministro das Finanças será a “montanha que pariu um rato”.

Ontem multiplicaram-se as notícias sobre buscas do Ministério Público, detenções de personalidades conhecidas, constituição de arguidos, etc.
Em Portugal, a justiça tem vindo a mostrar, nos últimos anos, que não distingue entre ricos e pobres, entre poderosos e a “arraia miúda”. Nem sempre foi assim. Se recuarmos algumas décadas, a “justiça de classe” era um facto entre nós.
Agora, porém, a justiça até investiga juízes desembargadores por suspeitas de corrupção, como Rui Rangel. E um anterior primeiro-ministro vai a julgamento. É positivo que seja assim, contribuindo para que haja menos desigualdades na justiça portuguesa.
Mas numa ou noutra vez pode haver excesso de zelo do Ministério Público. Parece-me estar isso a acontecer com o caso do ministro das Finanças, Mário Centeno. O ministro solicitou dois convites, para si e para um filho, na tribuna do Estádio da Luz, para assistir a um jogo de futebol.
Centeno invocou, com razão, que não deveria ir para a bancada por motivos de segurança. Soube-se que, dias depois, foi concedido a um filho do presidente do Benfica uma isenção de IMI num prédio por ele restaurado em Lisboa.
Terá Luís Filipe Vieira metido uma “cunha” ao ministro para que fosse dada a tal isenção? Não, porque esta não é concedida pelo ministro das Finanças, mas pela Câmara Municipal de Lisboa, visto que o IMI é um imposto municipal. A Câmara concedeu a isenção, porque ela estava conforme à lei. E passou o “dossier” para a Autoridade Tributária, devendo proceder ao averbamento da isenção. 
Pode especular-se se a Autoridade Tributária estaria a travar burocraticamente o averbamento e se uma palavra do ministro teria desbloqueado o assunto.
Duvido que tal se haja passado desse modo, mas se assim foi não configura crime algum – apenas um mau hábito infelizmente enraizado na sociedade portuguesa. Não sei se ainda acontece, mas em tempos passados alguns contínuos de ministérios recebiam pequenas “lembranças” para colocar na parte de cima dos processos empilhados para decisão ministerial aquele ou aqueles que interessavam a quem dava “gorjetas” para apressar a resolução do seu caso.
A declaração solene do primeiro-ministro de que Centeno continuaria ministro das Finanças ainda que viesse a ser constituído arguido reforça a minha convicção de que a investigação do Ministério Público não levará a algo de grave para Centeno e para o prestígio externo de Portugal.
A justiça deve ser alheia à política, com certeza. Mas o facto de o recém-nomeado presidente do Eurogrupo poder ser constituído arguido foi referida, com algum destaque, em alguns jornais estrangeiros, felizmente poucos. Sabe-se como alguma comunicação social está ávida de escândalos, para vender jornais ou conquistar audiências.
Por isso, sem interferir na investigação do Ministério Público, se agradece que tão cedo quanto possível este caso seja publicamente esclarecido."

ÀS DUAS DA TARDE DE AGOSTO EM TIZI - OUZOU


"Eu gosto de futebol. E de literatura. Aqui chegado, faço uma pausa ligeira, ligeiríssima. Bom, claro que também gosto de música e nada no mundo pode ser mais belo e mais dorido do que o amor de Rodolfo por Mimi ou do que a carga de ciúmes da Cavalaria Rusticana.

É mesmo carga. E a brigada de ciúmes não é, de todo ligeira. Feita a pausa, segue-se outra. Porque eu gosto de literatura. E gosto de futebol. Mas mais do que isso tudo gosto de futebol na literatura e da literatura no futebol. «Joga a bola menino/dá pontapés certeiros na empanturrada imagem desse mundo…». Nada pode ser mais redondo e mais certeiro nessa órbita arbitrária onde os astros fingidos de Torga perdem a majestade.
Há gente que escreve maravilhosamente sobre futebol e eu ambiciono ser uma delas desde que me lembro de ler a velha A Bola, pomposamente, dignamente, a sete colunas, broadsheet, no chão de madeira do Quarto Grande, na Casa de São Bernardo, em Águeda, onde o meu avô Joaquim, que sabia muito sobre tudo, senão mesmo tudo sobre tudo, pouco ligava ao futebol e preferia mostrar-me, com o seu dedo indicador, suave e bem cuidado, como se subia o Irrawady em direcção a Mandalay nos caminhos de Rudyard Kipling, e o lugar preciso do qual desaparecera Krakatoa, o ruído mais importante da história do mundo depois do Big Bang.
O problema quando se fala de futebol e de literatura e queremos colocá-los lado a lado, é que há sempre quem franza o nariz, ora de um lado ora do outro.
Acho que o que Rudyard Kipling escreveu mais próximo desse jogo foi algo como: «À medida que envelhecemos vamos ficando cada vez mais parecidos com a nossa própria sombra».
E, se a sombra não se descoser e não fugir, como na história de Peter Pan – pelo menos John Matthew Barrie, um baronete escocês que inventou a Terra do Nunca, adorava críquete e chegava até, imagine-se, a praticá-lo, embora de uma forma horrorosamente oposta à da que escrevia – também vamos envelhecendo e ficando cada vez mais parecidos com a nossa própria prosa o que, no que me diz respeito, me dá a impressão de escrever aqui, nesta página, a mesma coisa semana após semana, embora - confesso de mão direita sobre a Bíblia como bom agnóstico que sou – que não faço ideia qual o assunto que abordei há oito dias.
Espero que não tenha sido Camus. Hoje acordei com vontade de escrever sobre Camus e, vendo bem, vou mesmo fazê-lo.
Camus era uma figura, como gostava de dizer Otto Lara de Resende, mais um dos que escrevia bem sobre futebol, embora escassamente. Uma figura, portanto, esse Albert, nascido na Argélia Francesa, um pied-noir, na pavorosa expressão racista tão francófona, e ainda por cima com bons dois pés, fossem eles negros ou brancos, esquerdos ou direitos.
Mas as mãos eram melhores. Muito melhores.
E, lá está, aqui não falo de literatura: falo de futebol.
Ou melhor, falo de futebol e literatura tudo misturado, porque Albert Camus foi uma magnífica mistura dos dois.
Com as mãos escrevia e defendia a baliza do Racing Universitaire Argelois. Mas antes ainda passou pelo AS Monpensier, um nome apropriado para um intelectual da sua estaleca.
Aqui a doutrina divide-se de forma brusca: era o Alberto - desculpem lá a intimidade - ou não um guarda-redes de futuro? Recorde-se que a sua carreira morreu jovem, foi enterrada depressa e até deu um cadáver bonito, pelo menos por tudo o que se discute em seu redor. A culpa não foi das mãos, que duraram muito, mas dos pulmões que fraquejaram precocemente. Há um sem número de frases atribuídas a Camus com o futebol como tema. Quando soube que tinha tuberculose, filosofou: «Isto da vida é como a bola – estamos à espera que ela venha por um lado e, de repente, surge-nos por outro».
Por isso, guardou a vida e largou a bola.
Um dia quis voltar e ao fim de meia hora estava com os bofes de fora. Lamentou-se de uma forma sublimemente literária: «Quando, em 1940, resolvi voltar a calçar as chuteiras descobri que já não era ontem. Antes do intervalo já tinha a língua a roçar o chão como as dos cães kabiles que se encontram às duas da tarde do mês de Agosto em Tizi-Ouzou». Nunca fui a Tizi-Ouzou em Agosto às duas da tarde nem a nenhuma outra hora do dia mas consta que ao pé daquilo o Inferno não passa de uma escalfeta.
Lá está: futebol e literatura.
Nem Virgílio Ferreira, cujas manhãs submersas não se imergem de pontapé na bola, fugiu ao fascínio do episódio daquele desgraçado a quem amputaram uma perna e, na cama do hospital, sonhava com um penálti marcado com o pé que já lá não estava.
Mas Camus tem aquele toque futebolístico inconfundível de um jogador do RUA – Racing Universitaire Argelois. Porque o RUA era também política e a política era algo que Albert levava tão a sério como futebol. E, por isso, escrevia em O Estrangeiro: «Contra nós, jogavam sempre no limite da dureza. Ah! Estudantes, filhinhos dos papás, isso não se perdoava. Mesmo que muitos de nós fossem pobres como a fome». Por seu lado, o seu grande amigo, também escritor, Emmanuel Roblès, que ainda por cima era do Ouran, grande rival do RUA, respondia-lhe à letra: «Detestávamos o RUA até à morte! Ainda por cima eram argelinos. Azar! Argelino significava ser chique, ter nascido com o cu virado para a lua, uns mariolas, e também estudantes. Sim, sim, filhinhos dos papás, ò Camus!». 
Por isso não me venham dizer que na literatura não há futebol! Há sim. E do bom. Ou este não foi um grande jogo?"

ANÁLISE DO BENFICA E IMPRENSA DESPORTIVA 31 JANEIRO 2018 BTV HD

                                           

PRIMEIRAS PÁGINAS


O ESTRANHO CASO DOS ENVELOPES DESAPARECIDOS


"António Araújo e Luís Gonçalves - hoje novamente a ocupar um cargo de relevo no FC Porto - foram dos suspeitos mais referidos nos relatórios elaborados pelos inspectores da Polícia Judiciária ao longo do Processo Apito Dourado. Vejam porquê...

Poderíamos passar longos e longos meses a discutir por estas páginas aquilo que um tal presidente de clube com um currículo bem triste no futebol português pretendeu chamar de bandalheira. E, curiosamente, a palavra bandalheira encaixa como uma luva numa organização que foi desfeita pela Polícia Judiciária ao longo de anos e que levou a castigos duríssimos mais tarde aplanados pela habitualmente cobarde justiça desportiva.
Hoje recordarei aqui mais um ou outro episódio daquilo que se pode com propriedade chamar bandalheira.
Vejamos.
A 19/2/2004, António Araújo, empresário, comentou com Luís Gonçalves, engenheiro ligado à SAD portista e que se senta, hoje em dia, regularmente no banco do FC Porto nos dias em que não se encontra suspenso por falta de respeito para com os árbitros, que andava a fazer um 'serviço' muito importante para o Futebol Clube do Porto.
Nesse mesmo dia, à noite, António Araújo foi encontrar-se pessoalmente com Augusto Duarte, em Braga, junto ao Café Ferreira.
O Nacional venceu o Benfica por 3-2.
Depois do jogo, Augusto Duarte e António Araújo combinaram que iriam juntos ver o jogo FC Porto - Manchester United, a 25/2/2004, no Estádio do Dragão. O bilhete de Augusto Duarte seria arranjado por António Araújo e daria acesso à chamada zona VIP, com direito a 'comes e bebes'. Pelo teor desta conversa, Augusto Duarte e António Araújo iriam também tratar de outros assuntos, nomeadamente das 'contrapartidas' pela actuação do árbitro no jogo Nacional-Benfica: '...Nós na quarta-feira, eu... portanto... junta-se a fome à vontade de comer!'
Continuemos a leitura do relatório elaborado pelos inspectores da Polícia Judiciária: 'Entretanto o presidente do Nacional informou António Araújo de que tinha estado a falar com Jorge Nuno Pinto da Costa sobre a derrota do Benfica ante o Nacional. O presidente do Futebol Clube do Porto, radiante, teria exclamado: 'Esses já não nos vão chatear mais!' Ainda sobre a actuação alegadamente tendenciosa de Augusto Duarte, António Araújo comentou que: 'Manda quem pode, obedece quem tem juízo'. O presidente do Nacional rematou que teria ainda de falar com António Araújo sobre esse assunto: 'Depois falamos sobre isso'. Presume-se assim que António Araújo veio a ser ressarcido por eventuais gastos que teve com Augusto Duarte.'

Estranhas dívidas
"(...) No dia 27/2/2004, António Araújo, contactou Fernando Gomes, da SAD portista, aparentemente com o intuito de que este lhe desse dinheiro para pagar a um árbitro, presumivelmente Augusto Duarte. Fernando Gomes esclareceu que só poderia tratar dessa 'situação' na segunda-feira, dia 1 de Março. Usando palavras em código, António Araújo combinou então que iria ligar para o 'fiscal' (presumivelmente o árbitro) para marcar a 'vistoria' (pagamento) para terça-feira. Fernando Gomes concordou: 'Eu entrego-lhe isso na, na segunda, e combina com ele na terça, está bem?' E acrescentou: 'É mais seguro'. Presumivelmente por motivos de liquidez financeira."
No dia 26 de Março de 2004, o FC Porto recebeu em casa com o Moreirense. Estávamos na 28.ª jornada, e o árbitro foi Martins dos Santos, sendo Serafim Nogueira um dos seus assistentes.
A Polícia Judiciária estava na peugada de Martins dos Santos há bastante tempo: 'Dois dias antes do jogo, Martins dos Santos teve uma conversa altamente suspeita com o seu colega de equipa Serafim Nogueira.
Do teor dessa conversa pode extrair-se claramente que uma das equipas do jogo em questão pagou à equipa de arbitragem para poder ser beneficiada'.
Vamos aos pormenores: «De facto, Martins dos Santos ligou para Serafim Nogueira para saber se ele tinha ido a um 'determinado sítio' 'levantar' uns envelopes destinados aos membros da equipa de arbitragem do referido jogo: 'Foste lá?', perguntou Martins dos Santos. Então Serafim Nogueira informou que não havia trazido nenhum envelope para o árbitro principal: 'Não tinha nada para ti. Não sei como é que eles fizeram, pensei que tivesses levantado isso, tu! Ou então... como vais ser tu o árbitro, pensei que tivesses... sido as coisas feitas de outra maneira... (...) ... e eu disse: então, e o envelope do Martins? Não está aqui nada!'
Serafim Nogueira sugeriu então a Martins dos Santos que ligasse a um 'determinado' indivíduo para esclarecer a situação deste presumível 'pagamento': 'Liga-lhe a ele, para ver o que é que se passa'.
Presume-se que este individuo, aqui designado por 'ele', seria o intermediário do clube em questão. Pode efectivamente interpretar-se que Martins dos Santos e o seu colega estariam a falar de um pagamento em dinheiro. Todas as expressões utilizadas indicam que o assunto seria um 'pagamento' efectuado por um clube.
Aliás, Serafim Nogueira adiantou a hipótese de o 'intermediário' ainda não ter recebido o dinheiro em questão: 'ele, se calhar, vai receber de outra maneira...' E pode também interpretar-se que Martins dos Santos havia pedido mais dinheiro do que era habitual: 'Eu tinha-lhes pedido mais, estás a entender? (...)... só se ele andar a tentar arranjar'.»
O FC Porto venceria o Moreirense por 1-0."

Afonso de Melo, in O Benfica

105 x 68 - BENFICA TV - 30 JANEIRO 2018 HD

                                           

JOGA O MANEL?


Há uns anos, perante o cenário de saída de Matic para o Chelsea, Jorge Jesus, numa daquelas formulações exatas em que é vezeiro, garantia estar pouco preocupado com a substituição do sérvio. Se saísse Matic, não havia problema, "jogava o Manel".
A ideia era clara: em certos momentos, quando um jogador essencial deixa de estar disponível, pouca diferença faz quem o substitui – ao ponto de poder, mesmo, jogar o Manel. Para que tal seja possível, é necessário que a equipa tenha uma ideia de jogo, organização coletiva e uma identidade consistente. Só assim mudam os jogadores e, em campo, a diferença quase não se nota.

No lançamento da partida de ontem contra o Belenenses, Rui Vitória revelou a mesma despreocupação, agora com a substituição de outro jogador que se vinha revelando essencial e que está, justamente, associado à melhoria exibicional do Benfica. Não havia Krovinovic, mas o treinador tinha em mente quatro alternativas ao croata: duas mais evidentes (João Carvalho e Zivkovic) e outras menos (Keaton Parks e Gedson). Se tal se tornou possível não se deve, apenas, à qualidade individual dos jogadores. O momento e a dinâmica coletiva explicam, em importante medida, que perante uma dificuldade logo surgissem tantas opções.
Em campo, contudo, aparentemente sentiu-se a falta de Krovinovic. No rescaldo da partida, confrontado com a dificuldade de João Carvalho em substituir o croata, Rui Vitória sublinhava, com razão, que "não valia a pena estar a individualizar qualquer exibição". O ponto é mesmo esse. Não saberemos nunca se, com Krovinovic, o jogo do Restelo teria tido um sentido diferente. O problema foi mesmo coletivo.
Muito por culpa do Belenenses, que teve, em particular durante a primeira parte, uma ocupação de espaços muito inteligente, condicionando muitíssimo o jogo do Benfica, a dinâmica que se vinha vendo nas últimas partidas do Glorioso esteve ausente. Com naturalidade, neste contexto, um jogador pouca diferença pode fazer.
Sintomaticamente, todos os jogadores se apresentaram abaixo do que tem acontecido nas últimas partidas, demonstrando que nem sempre é possível ao Manel afirmar-se. Na segunda parte, a equipa melhorou, revelou maior agressividade e conseguiu explorar, como não havia feito até então, o espaço que surgia nas alas (afinal, os ‘extremos’ do Belenenses jogaram muito por dentro) e o Benfica criou oportunidades e podia ter morto o jogo.
Só que, depois, aconteceu futebol. O Belenenses que tinha estado por cima e que, entretanto, tinha desaparecido do jogo, aproveitou um erro de cobertura defensiva clamoroso, numa reposição de bola favorável ao Benfica!, para se adiantar.
No fim, Jonas redimiu-se. Provando que, apesar de tudo, faz diferença ter em campo jogadores que, pela sua qualidade individual, não são um qualquer Manel.
Pedro Adão e Silva, in Record

AO CONTRÁRIO DO DITADO, 'QUEM CHORA... MAMA!'


O designado mercado de inverno está prestes a fechar as portas e no Reino Unido houve quem se fartasse de choramingar por não ter dinheiro para ir aos saldos. Porém, a realidade demonstrou que, afinal, as lágrimas eram de crocodilo.
O City, por exemplo, bateu todos os recordes com a compra do central Aymeric Laporte ao Athletic Bilbao, pagando a modesta soma de 55 milhões de libras, verba só inferior à que deu por De Bruyne. Guardiola, um dos que mais lágrimas jorrou, já vai quase em 300 milhões de euros em compras, mas continua a queixar-se de falta de dinheiro. Pobrezinho…

Conte também foi um dos que mais lenços ensopou de lágrimas, mas lá teve libras suficientes para fazer uma oferta à Roma por dois jogadores, Dzeko e Emerson. O negócio ainda não está concluído, mas em Inglaterra já se fala, caso este não se concretize, na contratação do francês Giroud ao Arsenal. Também pela módica quantia de 35 milhões de libras.
E se este negócio com os arsenalistas for por diante, Wenger poderá ir à Alemanha buscar Aubameyang, por quem o Dortmund pede 55 milhões . Será outro bom negócio, depois da troca de Mikhitarian por Alexis Sánchez feita com o United, o que servirá certamente para lhe parar a torrente lacrimosa.
Quem não chorou foi Mourinho, pois nunca foi favorável à entrada de jogadores nesta abertura do mercado. Mas, quando viu cair-lhe o chileno nos braços, sem que o clube tivesse dispendido um ‘penny’, não conseguiu reprimir uma lagrimazita…. mas de alegria.
Eládio Paramés, in Record

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

MÃO CHEIA DE GOLOS... E MUITO TALENTO!


BENFICA B
Benfica B goleou a formação do Famalicão, por 5-0, e soma agora 31 pontos na 10.ª posição da tabela classificativa da II Liga.
Regresso ao Caixa Futebol Campus, regresso às vitórias e logo com uma goleada, naquele que é – até ao momento – o melhor resultado dos Bês na II Liga na presente temporada.

Após o desaire perante o Nacional da Madeira, a equipa B do Benfica regressou esta terça-feira às vitórias e logo com uma goleada: cinco golos sem resposta perante o Famalicão! Na 22.ª jornada da II Liga, as águias não deram hipótese e colocaram em campo personalidade, ambição e muito, muito talento!
Frente à formação do Famalicão, agora comandada por Vasco Seabra, entrada poderosa, com Ferro a inaugurar o marcador logo aos 7 minutos na sequência de um canto. Ora, o Benfica dominava, criava e, em cima do intervalo, João Félix faz o 2-0. Abertura de Keaton Parks, enorme desmarcação e receção e, na cara de Leonardo, remata com classe para o justo dilatar da vantagem.

No reatar, o Famalicão bem tentou reagir, mas os nossos miúdos mostraram maturidade! Geriram, criaram, colocaram em campo princípios claros de jogo, bom futebol e, quando assim é, os golos acabam por surgir naturalmente.



Aos 70’, João Félix, na cara de Leonardo, pica a bola, não dá hipótese e bisa, colocando as águias a vencer por 3-0. Do outro lado, o Famalicão acusou o golo… e só deu Benfica a partir daqui, com os comandados de Hélder Cristóvão a proporcionarem momentos de pura magia.

Aos 85', João Félix aparece mais uma vez isolado na cara de Leonardo - assistido por Nuno Santos - e remata para o 4-0 no jogo... o seu 3.º na conta pessoal! Aos 88’, inverteram-se os papéis! Nuno Santos, com uma receção fantástica e, de primeira, faz um golo notável... com João Félix a assistir!

Contas feitas, uma mão cheia de golos… e muita classe e talento, com o Benfica a somar mais três, num total de 31, e a ocupar a 10.ª posição da classificação geral (9V4E9D).
Após a receção ao Famalicão, os comandados de Hélder Cristóvão viajam até à Póvoa do Varzim para defrontar os locais, numa partida referente à 23.ª ronda da II Liga. Varzim SC e Benfica B jogam às 15h00 de domingo, dia 4 de fevereiro.

O FUTEBOL QUE NOS CURA


A Federação Portuguesa de Futebol juntou investigadores, especialistas e agentes desportivos para falar do papel do futebol na prevenção e tratamento de doenças. O Sindicato dos Jogadores disse presente neste ‘Football is Mecicine’, espaço de intercâmbio que reforçou os inúmeros benefícios da prática desportiva para a saúde e bem-estar da população. Aproveitando este congresso e o conceito do desporto como medicamento, levantámos o véu do projeto ‘Reminiscências’, que irá ser concretizado ainda este ano.

O ‘Reminiscências’ tem como ponto de partida a utilização das memórias do futebol para prevenir e minimizar os efeitos de doenças degenerativas entre a população idosa. Se considerarmos as estimativas de que 5% da população nacional acima dos 65 anos de idade sofre de algum tipo de demência, estamos, manifestamente, perante um problema ao qual o futebol pode e deve responder, atento o seu impacto social. O Sindicato quer apoiar a rede de cuidados prestados aos idosos através deste programa terapêutico, dedicado à preservação e recuperação da memória através das recordações associadas ao futebol.
Comtamos para o arranque desta iniciativa com o apoio da União das Misericórdias e da Associação Alzheimer Portugal, certos de que as instituições desportivas e demais entidades do setor social não ficarão indiferentes. Através deste projeto reiteramos a intenção de relacionar jogadores e ex-jogadores de futebol com a comunidade, aproveitando o impacto que as suas carreiras têm na vida destas pessoas.
Finalmente, deixo uma mensagem de parabéns ao Sporting CP pela vitória na Taça da Liga, assim como aos demais participantes na final four, pela entrega com que disputaram os seus respetivos jogos. E já agora, que a segunda metade da época traga mais grandes jogos, respeito e fair play entre os competidores.
Joaquim Evangelista, in Record

NOTÍCIAS BENFICA: BENFICA 14H 30-01-18

                                           

UM AZAR DO KRALJ


O palhaço, os dois matraquilhos, o CEO interino, a Mia Khalifa e "o nosso Arrigo Sacchi" foram ao Restelo e... (por Um Azar do Kralj)
Vasco Mendonça não sabe bem o que dizer, embora desconfie de que o empate com o Belenenses tenha ditado o fim do sonho do pentacampeonato. Ainda assim, a esperança é sempre a última coisa a finar-se, pelo que ainda há a possibilidade de Rui VItória vir a dizer o seguinte, após um triunfo em Alvalade: "guardei o Zivkovic para isto"
BRUNO VARELA
É espantoso que não se tenha lesionado com o esforço realizado no golo do Belenenses, já que passara os 83 minutos anteriores à espera de um novo remate à baliza.
ANDRÉ ALMEIDA
Exibição pouco conseguida do nosso hardest working man in show business. De entre os vários erros, distrações invulgares, más ideias e execuções ainda piores, destaco um cruzamento para a bancada aos 82’ que me deu vontade de morrer.
RÚBEN DIAS
Aos 33’ presenteou os milhares de adeptos nas bancadas com um magnífico pontapé para onde estava virado, à antiga mesmo. A intenção original era colocar a bola no meio campo adversário, mas Rúben Dias levou a bola a sair uns metros atrás pela linha lateral. Se não se lembram deste lance em especial, isso talvez se deva aos oito passes longos falhados pelo nosso futuro capitão. Já não víamos uma patacoada assim desde que a estrutura do futebol profissional se reuniu para planear esta época.
JARDEL
É complicado. Jardel continua a melhorar jogo após jogo. Resolve sem grandes rodeios, utiliza a sua compleição física para anular múltiplos adversários e lidera a defesa mesmo sendo uma espécie de CEO interino. Infelizmente, enquanto continuarmos em terceiro lugar ninguém vai querer saber, mas Jardel prepara-se para ultrapassar Carlos Mozer em número de jogos ao serviço do Benfica no campeonato, ou seja, já assegurou no mínimo um tachinho na BTV quando abandonar os relvados.
GRIMALDO
First they came for the Socialists, and I did not speak out—
Because I was not a Socialist.
Then they came for the Trade Unionists, and I did not speak out—
Because I was not a Trade Unionist.
Then they came for the Jews, and I did not speak out—
Because I was not a Jew.
Then they came for Nélson Semedo, and I did not speak out-
What the hell were we supposed to do?
Then they came for Embaló, and i did not speak out-
Because i’d never even seen him play and 20M seemed like a fine deal.
Then they came for Grimaldo—and there was no one left except Eliseu.
- Martin Niemoller, Pastor e Agente FIFA
JOÃO CARVALHO
Não teve a melhor das estreias enquanto novo Krovinovic. Pareceu quase sempre mais confortável nos momentos em que não demos pela sua presença em campo.
FEJSA
Imaginem uma mesa de matraquilhos. Agora imaginem aquela barra do meio-campo povoada por centrocampistas batalhadores. Está? Agora imaginem que só lá está um tipo porque os outros dois - Pizzi e João Carvalho - não sabem ou não querem ou não conseguem defender. Finalmente, imaginem que mesmo assim dominavam o meio-campo.
PIZZI
Não há nada a fazer. Pizzi amuou e recusa-se a ser o substituto natural de Krovinovic que todos esperam que seja. Isso ou não tem futebol que chegue nos pés. Ou é parvo. Já se tentou de tudo para despertar o nosso Zidane de Bragança. Só nos resta o insulto. Palhaço. Joga à bola.
SALVIO
Exibição decepcionante, um pouco como se estivéssemos à espera da Mia Khalifa e aparecesse o Wiz Khalifa.
JONAS
Quase valeu a pena vê-lo falhar o pénalti para depois chamar a si a responsabilidade de concretizar a última oportunidade de golo da equipa. E só digo quase porque é provável que tenhamos perdido o campeonato.
CERVI
E mais dez. É isso mesmo. Franco Cervi foi evidentemente o melhor em campo. Carregou a equipa às costas sempre que esta precisou de si e só não ajudou mais porque o nosso Arrigo Sacchi achou por bem substituí-lo aos 86 minutos por um vegetal chamado Seferovic.
ZIVKOVIC
Tem a seu favor uma maior semelhança fonética com Krovinovic e dois pés mais experientes do que os do concorrente João Carvalho. O seu futebol gera perplexidade, no sentido em que ninguém percebe o porquê de não ser convocado. Enfim. Sejamos pacientes. Se formos campeões, Rui Vitória dirá que estava apenas a guardar Zivkovic para a vitória decisiva em Alvalade.
JIMENEZ
Esta semana em “Ninguém quer saber de Jimenez” recomendamos Nathan for You, uma série absolutamente brilhante da Comedy Central cujas primeiras temporadas foram transmitidas na SIC Radical. A série apresenta-nos as melhores piores ideias do génio cómico que dá pelo nome de Nathan Fielder, que aqui se apresenta como um marketeer apostado em salvar negócios que dispensam a sua ajuda.
SEFEROVIC
Uma boa oportunidade para voltarmos a discutir a legalização da eutanásia ou o empréstimo a um clube da segunda divisão turca.
Um Azar do Kralj, in Tribuna Expresso

ESPECIAL PIZZI - BENFICA TV - 29 JANEIRO 2018 HD

                                           

PRIMEIRAS PÁGINAS


INCOMPETÊNCIA DITA EMPATE


Partida muito emotiva no Restelo, com o Belenenses a chegar ao golo ao minuto 86 e com o Benfica a empatar nos últimos instantes da partida.
O Benfica empatou, esta segunda-feira, (1-1) com o Belenenses em partida a contar para a 20ª jornada da I Liga. Nathan deu vantagem ao Belenenses no segundo tempo, mas Jonas empatou nos últimos instantes da partida.
A história e a estatística por vezes são apenas um dado, mas na hora das duas equipas subirem ao relvado, os números podem entrar na cabeça dos jogadores. A última vitória do Belenenses no Restelo tinha 10 anos, numa altura em que Jorge Jesus ocupava o banco da equipa da Cruz de Cristo.
O 14º lugar no campeonato e o facto da equipa nao triunfar há nove partidas não inferiorizou Silas. O técnico disse na conferência de imprensa de antevisão que não comprava empates com ninguém.
Esse "bitaite", numa altura em que o Belenenses atravessa uma crise, com o conflito aberto entre o clube e SAD, serviram de tónico para a equipa da Cruz de Cristo que entrou em campo sem medo e a querer demonstrar cedo no encontro que tinha vontade de querer jogar e não oferecer o controlo de bandeja ao Benfica.
- No Benfica, a principal novidade no onze foi a entrada de João Carvalho para o lugar do lesionado Krovinovic. Regressou também André Almeida. No Belenenses, o regresso de Sasso e Yebda (esteve ausente por castigo) foram as novidades na equipa de Silas.
O Benfica, a entrar em campo primeiro que os adversários procurava dormir na liderança do campeonato. Mas ao contrário das últimas jornadas, a equipa de Rui Vitória não entrou com a acutilância que tem sido habitual. Embora com muita pressão sobre a saída de bola do azuis-e-brancos, a equipa de Silas, tentou sair sempre com personalidade e sem receio de encarar o adversário, nem que isso significasse perder uma bola em zona proibida.
Sem oportunidades flagrantes no primeiro tempo, foi o Belenenses que andou mais próximo da baliza de Bruno Varela. Foi a equipa azul-e-branca que mais tentou construir no primeiro tempo, como foi exemplo uma jogada tirada a regra e esquadro que culminou no cabeceamento de André Sousa (ao minuto 35) depois de um cruzamento de Pereirinha.
As únicas vezes que o Benfica apareceu perto da baliza de Filipe Mendes nos primeiros 45 minutos, numa jogada foi por intermédio de Cervi, que tentou cruzar atrasado já numa zona perigosa, mas não apanhou nenhum companheiro para fazer a emenda. Em cima do intervalo, o Benfica dispôs de um livre em posição frontal, mas Grimaldo atirou por cima da baliza.
No segundo tempo, o Benfica entrou, como se diz na gíria, com tudo. Logo a abrir Salvio esteve perto do golo, mas valeu Filipe Mendes a evitar o pior. O intervalo foi como um toque de despertador para o Benfica. Obrigado a recuar, mas sem se intimidar, o Belenenses podia ter chegado ao golo na resposta. Sasso cabeceou após um pontapé de canto e quase bateu Varela.

Órfã de Krovinovic, a equipa do Benfica tinha incapacidade para reter a bola. João Carvalho estava com dificuldades em ajudar em estancar a pressão da equipa da casa. Rui Vitória mexeu. Fez sair João Carvalho e entrar Zivkovic.
Ao minuto 71, a pressão do Benfica deu os seus frutos. O central Gonçalo Silva carregou Cervi na área. Grande penalidade para o Benfica. Jonas no duelo com Filipe Mendes não conseguiu bater o guardião do Belenenses. - Há três anos que o Benfica não desperdiçava uma grande penalidade - A última tinha sido falhado por Lima.
Quase logo num lance a seguir, os encarnados tiveram nova grande oportunidade para fazerem o golo. Cervi apareceu na cara de Filipe Mendes, mas atirou por cima.
Com o festival do desperdício encarnado, o Belenenses manteve-se personalizado e racional na partida e à procura de algo mais. E os azuis do Restelo, contra a corrente do jogo, acabaram por conseguir chegar ao golo (86).
Nathan, no primeiro jogo pelo Belenenses e recém entrado na partida, ganhou a bola e rematou colocado sem hipóteses para Bruno Varela.
Já o jogo caminhava para o fim, quando Jonas nos últimos segundos da partida empatou a partida na marcação um livre.
O Benfica acaba por deixar dois pontos no Restelo. A equipa de Silas, com uma exibição personalizada pode ganhar uma importante tónico para o que resta do campeonato.

AS REGRAS DOS JOGOS BENFICA TV HD :: 29 JANEIRO 2018

                                           

A TRAGÉDIA MADRIDISTA E SEUS AUTORES


O PSG veio buscar Antero Henrique para liderar as duas maiores contratações da história do futebol. O Bayern de Munique, pelo sim pelo não, jogou pelo seguro e acabou com as sestas de Jupp Heynckes no lar da terceira idade. O Manchester City derramou mais umas centenas de milhões de euros em cima dos milhares de milhões já gastos no milénio, na compra de alguns dos melhores jogadores do Planeta. O Manchester United prolongou até 2020 o compromisso com José Mourinho para recuperar de vez a estabilidade perdida com a reforma de Alex Fergunson. E o Barcelona tratou de reequilibrar o plantel após a saída de Neymar e nem precisou de Dembelé, como não precisará de Coutinho, para repor a sua velha hegemonia. Ou seja, enquanto a maioria dos potentados europeus toma decisões profissionais, sabendo da fasquia a que subiram os níveis de competitividade, há outro que assobia para o ar, fiando-se na sorte e nas camisolas. Refiro-me ao Real Madrid, obviamente.

Trata-se, como se sabe, de um clube especial que desprezando, chegada a sua hora ou mesmo antes dela, as maiores estrelas que o serviram, mais depressa ainda põe a andar os treinadores. Foi assim que Carlos Queiroz se queimou, que Benítez não consegue sair da Lua, que Mourinho teve de se afastar para não ficar maluco ou que Carlo Ancelotti, o homem da almejada Décima, uma Liga dos Campeões arrancada a ferros, se viu despachado com a frieza com que Florentino Pérez muda a criadagem. Curiosamente, a paciência com Zidane parece infinita, embora lhe caibam, na aterradora crise que atravessam os madridistas – a 19 pontos do Barça no início da segunda volta! –, as mais claras responsabilidades.
No verão, o treinador assassinou, é o termo, dois sectores de uma equipa que são a chave do seu sucesso. Desde logo, o eixo da defesa. Tendo Varane um histórico de lesões que o deixa às meias épocas na enfermaria e Sergio Ramos um cadastro de cabeça tonta em que se acumulam castigos, Zidane sonhou que um banal Vallejo podia fazer de Pepe, ainda hoje um dos melhores centrais do Mundo. O luso-brasileiro queria um novo contrato de dois anos e só lhe ofereciam um, como se ele não estivesse apto para mais três ou quatro. Burrice pura.
Achando pouco, o técnico francês considerou ter pontas-de-lança em excesso. E para garantir a titularidade permanente ao compatriota Benzema, cuja cabecinha é também o que sabemos, livrou-o, de uma assentada, de dois concorrentes: Morata, que seguiu para o Chelsea, e Mariano, que brilha agora em Lyon. Conclusão: como Benzema não se sente pressionado, entra em campo já em estado de sonolência. E é com esses dois pecados mortais e um plantel forte unicamente na linha média, que Florentino e Zidane, com tiques de amadorismo, se propõem enfrentar o PSG e o quarteto letal formado por Neymar, Mbappé, Cavani e Di María. A 14 de fevereiro, e oxalá me engane, após mais uma humilhação, tenham cuidado: podem ter de alugar um helicóptero para sair do Bernabéu.

Alexandre Pais, in Record

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

CHAMA IMENSA - BENFICA TV - 29 JANEIRO 2018 HD

                                           

ONZE DO BENFICA

                          

COMO SE TRABALHA A PARTE MAIS IMPORTANTE DO ATLETA - II


"A primeira parte do artigo terminou com estas duas ideias-chave: conviver com os melhores e mais exigentes pode proporcionar mais oportunidades para sermos também mais focados; e os atletas que durante o seu percurso de construção da sua identidade pessoal, social e desportiva tiveram que conviver com dificuldades sociais, económicas e desportivas diferenciadas (o tal desporto de rua, por exemplo) passam por experiências que hoje as academias e os modelos de escolinhas de futebol ou outras modalidades têm dificuldade em formar. Porque, e é preciso que se entenda bem isto, modelar comportamentos retira muito daquilo que apreciamos mas que, incompreensivelmente, é castrado no processo de treino.
Treinar um atleta, especialmente se estivermos a falar de modalidades de confronto directo e em que as acções do outro tenham impacto e possam constringir as nossas, é quase como educar um filho nos dias de hoje: sabemos que a linha que separa o fomento da autonomia a curto prazo está sempre muito próxima do campo de um maior risco de erro e de consequências que possamos enquanto Pais não gostar. A longo prazo sabemos que o nosso filho ficará melhor preparado para os desafios e necessidades que a sociedade trará, mas hoje ou amanhã, se eu tiver a certeza que ele vai fazer os passos que lhe disser, apesar de ser limitativo, traz-me mais segurança enquanto Pai.
A metáfora para os treinadores é igual. Só que os treinadores têm este pensamento quer para os seus atletas de 10 como de 20 anos. A preocupação com o hoje e o amanhã a curto-prazo ocupa mais espaço do que daqui a dez anos (e é compreensível em grande parte, atenção). Ao estarmos a preparar um jovem quase lhe dizendo como fazer e o que tem de fazer, estamos – acreditem – a prepará-lo bastante deficientemente para as tais competências comportamentais e psicológicas que vamos apreciando nos outros.
Está demonstrado em dezenas ou centenas de estudos que o papel do treinador na tal preparação mental do atleta é fulcral. O ideal era que os atletas desenvolvem quase que por magia essas competências. Mas não. O papel do treinador, sendo fulcral, não pode ser desenvolvido nesta área sempre do mesmo modo. Perceber quem vai ser o recetor é um passo essencial. Depois entramos no ‘como’. E no ‘como’, é fundamental assentar o nosso trabalho em três pilares acima de tudo: o que fazemos com o atleta; o que comunicamos para o atleta; e o que provocamos. No que fazemos entramos no campo dos exercícios e nas tarefas que o mesmo pode desenvolver, que sejam mais exigentes ao nível do perceber os constrangimentos à sua volta e, com isso, ter de tomar mais decisões com o que consegue captar do que aquilo que lhe é ‘receitado’. No que comunicamos ou as nossas intervenções têm de ir ao encontro de uma maior proactividade, confiança, em redor das expressões ‘auto’: autoconfiança, automotivação, autonomia e talvez a mais abrangente, auto-organização. Por fim, isto recairá no que lhe provocamos.
Quase poderíamos substituir o contexto desportivo e colocar o educacional ou profissional. Porque na verdade, estas competências são essenciais. E elas tornam-se mais valiosas quanto mais o contexto provocar constrangimentos ou situações, que para alguns atletas ou treinadores são vantagens e para outros desvantagens. Ambientes estáveis não são confortáveis para todos. Para a maioria sim, porque somos educados e formados nesses ambientes. Quantos atletas decidem melhor onde a maioria falha? Quando os acompanhamos de perto e ouvimos as suas expressões, percebemos que não se trata sempre de sorte, não se trata de alguém esquisito, mas provavelmente diferente. E diferente e preparado para suportar constrangimentos e ambientes onde a quantidade de acontecimentos não previstos é maior."