sábado, 12 de agosto de 2017

A MÍSTICA DO BENFICA: AMAR PERDIDAMENTE


"É difícil exprimir por palavras o que significa a mística benfiquista. Porque, como dizia Antoine de Saint-Exupéry, o essencial só se vê bem (e diz) com o coração. Mística é uma ligação quase uterina de coração e espírito. Tão inspiradora como gratificante. Tão anímica quanto vitamínica. Tão esplendorosa na vida como misteriosa na origem.
O Sport Lisboa e Benfica é uma trindade laica e ecuménica: Sport Lisboa e Benfica! E pluribus unum. O todo maior do que as partes e cada parte não se dissolvendo no todo. O seu espírito fundacional, a sua história e os seus sucessos conduziram a um Sport mantido em formatado britânico, mas tão português e eclético quanto saboroso, a uma Lisboa que rapidamente criou raízes em todo o Portugal e se espraia pelo mundo fora e a um Benfica que representa um símbolo sem igual na pátria lusa!
A mística do Benfica é a união perfeita entre um futuro contido num majestoso passado e um passado robustecido por um sempre exigente futuro. Um casamento entre esperança infinita e utopia acontecida.
Às vezes me pergunto porque sou do Benfica. Sou e chega. Sou seu amante até ao tutano da minha alma. E, como bom amante clubista, em regime de monogamia absoluta. Cega, mesmo. Porque nenhum outro me interessa para além do Benfica. Por isso, não admito que se diga que os outros clubes jogam com o Benfica. Nada de conúbios. Eles jogam é contra o meu Benfica.
Um desaire do meu Benfica perfura-me o ânimo, sem cuidar da anestesia. Uma vitória do meu Benfica alimenta-se mais do que o mais calórico dos alimentos e anima-me mais do que uma mão-cheia de antidesportivos. Na vitória, o amor ao clube é partilhado, mas na derrota a solidão dá-lhe uma expressão infinita e incondicional. Como acontece com a pessoa amada, o verdadeiro teste do afecto concretiza-se nos momentos difíceis.
O Benfica é, ao mesmo tempo, afecto e privilégio, coração e razão, vitamina e analgésico, fermento e adocicante, saudade e desafio, cumplicidade e aconhego.
O Benfica acontece em mim. E nesse acontecer funde-se a minha personalidade com o sentimento de pertença. De paixão. Onde tudo o resto do clube se apaga, excepto isso mesmo: a ideia de ser Benfica. Sem personagens, sem fronteiras, sem referências. Apenas a imanência de o Benfica estar dentro de mim e eu dentro do Benfica.
Tudo isto é para mim a mística do Benfica. Com a consciência de que não soube exprimir por palavras a sua totalidade. A outra face da Luz, quer dizer, do Benfica. Com papoilas saltitantes. Mas tudo isso me envaidece..."

Bagão Félix, in Mística

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