domingo, 30 de abril de 2017

UM AZAR DO KRALJ


Jonas é o único tipo encharcado em suor que os adeptos querem abraçar. E isso, diz Um Azar do Kralj, é amor
Os autores de Um Azar do Kralj desfazem-se em elogios a Jonas, falam de Deus e de Luisão, da mulher de um determinado sueco, e da ubiquidade (sim, ubiquidade) de Fejsa.
Ederson
Começou bem o jogo, na medida em que não cometeu nenhum erro parvo que colocasse o adversário em vantagem. Pensou ingenuamente que a tarde estava bem encaminhada, mas o pior estava para vir. Passou os primeiros quinze minutos da segunda parte a participar, juntamente com os seus colegas, no novo jogo da baleia azul, com múltiplos desafios inexplicáveis que quase conduziram ao suicídio da equipa. Felizmente ficou só com uns arranhões.
Nélson Semedo
As incursões do Estoril pelo seu flanco revelaram um jogo longe de estar ganho, mas o futebol é um jogo que vive tanto do colectivo como das individualidades. Nesse sentido, Nélson Semedo chegou quase sempre para meia equipa do Estoril. Aos 27’ apareceu lançado na área e, no mais absoluto desrespeito pelo único membro da nobreza em campo, passou por Lord Licá, que pontapeou o súbdito e assim provocou o penálti que colocaria o Benfica em vantagem. Fora isso, é uma das pessoas que passa mais tempo com Salvio, e só por isso já lhe devemos muito.
Luisão
É o jogador do Benfica que mais vezes utiliza o hashtag #DeusNoComando e foi muito isso que se viu no início da segunda parte, uma espécie de versão pervertida dos 15 minutos à Benfica, hoje e sempre liderados pelo nosso capitão. A equipa arrancou com Deus no Comando, logo depois corrigiu posições para um tudo ao molho e fé em Deus, e chegaria ao fim em modo Deus nos ajude. Logo após o golo do empate, Luisão olhou para o céu e perguntou “Deus, estás aí?”, ao que Eusébio respondeu “Malta, é uma força de expressão! Joguem à bola, caraças”.
Lindelöf
Teve a seu cargo a marcação de Kléber, tarefa que desempenhou quase sempre ao nível do impecável ou certinho, exceptuando cinco ou seis lances em que isso não aconteceu. Não obstante, foram 75 minutos a bom nível. Não marca há 114 minutos.
Grimaldo
Sabemos que a exibição de Grimaldo foi fraquinha quando a meio da segunda parte uma parte do nosso cérebro começa a pedir o regresso de Eliseu.
Fejsa
Não foi tão ubíquo como é habitual, um tipo de crítica reservado para indivíduos que vivem habitualmente acima das críticas. Às vezes aborda um ou outro lance com a serenidade de quem confia demasiado na estatística, ou em Pizzi. É verdade que as coisas parecem encaminhadas para o décimo título nacional consecutivo da carreira de Fejsa, mas bora lá só dar tudo nestes 3 joguinhos que faltam.
Pizzi
A precisar rapidamente de uma noite de festa no Marquês e as respectivas férias. O seu cérebro pede mais linhas de passe, as pernas pedem o tal quinto amarelo. Chiça que nunca mais vem.
Salvio
Tem o dom de estar quase sempre no sítio certo à hora errada, isto é, aparece muitas vezes no relvado em condições de receber a bola, mas quase sempre quando o Benfica está a jogar para o campeonato.
Mitroglou
As suas exibições recentes têm suscitado a típica reacção que temos sentados no sofá quando a câmara filma um jogador lesionado ou suspenso a ver o jogo na tribuna: “Olha o Mitroglou… quando é que ele volta a jogar? Porque é que estão a filmar este gajo? Filmem mas é a mulher do Lindelöf.” Hoje, mais uma vez, vimos pouco Mitroglou e nenhuma Maja. Lamentável.
Jonas
Certo. Marcou dois golos, um deles magnífico. Mas Jonas é muito mais do que isso. Quando está bem, como hoje, Jonas é a linha de passe que teima em aparecer levando alguém a passar a bola ao Salvio, é o calmante de que o meio-campo precisa quando lhe dá aquela travadinha, é o talento desbloqueador que seria capaz de abrir a porta de nossa casa com um cartão multibanco, e é o único brasileiro encharcado em suor que os adeptos na bancada alguma vez quererão abraçar. Numa palavra, é amor.
Cervi
Faz lembrar um daqueles cães pequeninos que deviam estar quietinhos mas andam sempre à procura de zaragata. Sei lá, uma tia nossa teve um pinscher que era exactamente como o Cervi. Não parava quieto um segundo, mordia muito mais do que era mordido, tinha um tufo de pêlo inexplicável na cabeça, de vez em quando irritava as pessoas à sua volta que ainda se se riam por ser tão pequenino e amoroso, e uma vez chegou a fazer xixi nas pernas de alguém, o que demonstra os limites desta comparação.
Carrillo
Logo após o golo do Estoril, quando já se preparava para entrar, olhou para o tablet de Arnaldo Teixeira e viu o ecrã completamente branco. Carrillo não percebeu se se tratava de um problema técnico ou da célebre “ideia de jogo” do Benfica, mas a verdade é que não esteve mal. Tentou três ou quatro lances individuais que fizeram os adeptos e a defesa do Estoril sorrir.
Jimenez
Disse há uns dias que esperava jogar até ao final do campeonato. Já os adeptos esperam que ele marque, coisa que não aconteceu na única oportunidade que teve aos 76 minutos.
Filipe Augusto
Parece-nos que há aqui jogador, apesar de não nos permitirem estudar melhor o assunto. Mais 15 minutinhos a bom nível. Falha poucos passes e poucas pernas. Se um dia o Pizzi levar aquele quinto amarelo, o futuro do Benfica está assegurado.

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